São João em Massarandupió: onde o coração dança descalço

Em Massarandupió, o São João não é apenas uma festa, é um sussurro doce da terra ao ouvido do tempo, onde cada passo de forró é um poema dançado sobre o chão quente do sertão e o vento salgado do mar. Ali, o céu se acende em cores e promessas, e o som da sanfona se mistura ao canto das ondas, compondo uma sinfonia que só o coração nordestino sabe escutar.

O rio, morno como abraço de vó, serpenteia manso entre coqueiros e sorrisos, lavando a alma dos que chegam com sede de sossego. Ele não corre, ele acaricia, como quem entende que tudo em Massarandupió tem seu tempo: o tempo da dança, o tempo do mergulho, o tempo do encontro.

Na curva do caminho, o mar se revela exuberante, abrindo seus braços azuis em celebração à liberdade. As areias do naturismo não julgam, acolhem, como a vila, como o povo, como o próprio espírito de São João. É um lugar onde a roupa pode até sair, mas o respeito fica; onde a pele sente o vento e o coração sente pertencimento.

A vila é um presépio vivo de cores e gentilezas. Casas que sorriem pelas janelas abertas, crianças correndo como se o tempo não tivesse pressa, e vizinhos que tratam o forasteiro como se fosse um velho compadre voltando de viagem. Tudo ali tem gosto de café coado em pano e cheiro de bolo de milho recém-saído do forno de dona “Dalva”.

E o mais bonito é que esse pedaço de céu na Bahia não cobra o preço de um paraíso. Com um custo que cabe no bolso e um valor que transborda no peito, Massarandupió prova que a beleza verdadeira é simples, como a palha do chapéu de matuto e o brilho de uma fogueira acesa em noite de festa. No São João de lá, a vida tira os sapatos, solta os medos e dança — inteira.

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