O mistério das frutinhas das dunas de Massarandupió

Quem caminha pelas dunas de Massarandupió, entre o verde da restinga e a brisa do mar, pode se deparar com pequenos pontos coloridos que saltam no meio da vegetação: frutinhas amarelas, vermelhas e roxas que enchem o olhar de curiosidade. Parecem inofensivas, mas escondem um mistério que une saber popular, ciência e respeito pela natureza. Afinal, o que são esses frutos? Podem ser consumidos?

Entre guajiru, guabiraba e murta-do-mato: hipóteses sobre a planta

Na tentativa de identificar a espécie, moradores e visitantes levantaram algumas hipóteses:

  • Guajiru (Chrysobalanus icaco): típico das restingas e dunas litorâneas, o guajiru produz frutos arredondados, que podem variar do amarelo ao roxo escuro. Em algumas regiões do Brasil, são usados na alimentação, em sucos e doces, e até citados em pesquisas pelo seu valor nutricional.

  • Murta-do-mato (Coutarea hexandra): embora mencionada por alguns, seus frutos são diferentes, mais próximos de cápsulas que se abrem, não se encaixando totalmente com o encontrado em Massarandupió.

  • Outras espécies nativas da restinga: a diversidade botânica das dunas é vasta e pouco estudada, o que mantém aberto o espaço para novas descobertas.

 

O que dizem as fontes
  • A guabiroba (gênero Campomanesia) é uma fruta nativa muito citada no Brasil, com frutos pequenos, arredondados, casca lisa, cor que varia do amarelo ao alaranjado, e polpa suculenta e doce — embora existam variações regionais na coloração.

  • Campomanesia xanthocarpa, por exemplo, é uma espécie conhecida como “guabiroba de árvore”, com ocorrência em formações de Mata Atlântica e cerrado. Seus frutos costumam amadurecer entre novembro e dezembro.

  • Existe também a variedade conhecida como “guabiroba da restinga” (Campomanesia xanthocarpa var. litoralis), que se adapta bem a solos arenosos e ambientes costeiros.

  • Alguns blogs especializados reconhecem a “guabiraba” como nome popular para essa planta nos estados litorâneos, embora as nuances entre “guabiraba / guabiroba / guabirá / gabiroba” variem conforme dialeto local.

Assim, a hipótese de que seja guabiraba / guabiroba (Campomanesia) ganha força, talvez substituindo ou complementando a hipótese de guajiru ou outros nomes locais.

Um alerta necessário: cuidado com o consumo

Apesar do aspecto convidativo, é importante reforçar: não se deve consumir frutos desconhecidos. Muitos vegetais da restinga apresentam toxinas naturais como forma de defesa, e o simples contato ou ingestão pode causar desde leves desconfortos até intoxicações graves.

Espécies como a noz-vômica (Strychnos nux-vomica) e a fava-de-santo-inácio (Strychnos ignatii), citadas em pesquisas comparativas, são altamente venenosas, apesar da semelhança visual. Esse alerta vale não apenas para turistas, mas também para moradores e crianças que circulam na região.

Assim, a regra é clara: observe, fotografe, estude — mas não consuma até que haja identificação segura por especialistas.

Por que isso importa para Massarandupió

  • Educação ambiental: conhecer a flora local aumenta o senso de pertencimento e de preservação das dunas.

  • Turismo consciente: visitantes buscam mais do que praias — querem aprender sobre a riqueza da biodiversidade local.

  • Ciência comunitária: moradores, pesquisadores e turistas podem contribuir com registros fotográficos e relatos, ajudando na construção de um inventário botânico da região.

As dunas de Massarandupió ainda escondem segredos que desafiam a pressa da modernidade. Essas pequenas frutinhas são símbolos vivos de que a natureza não se entrega facilmente: exige respeito, estudo e cuidado.

Da próxima vez que cruzar com elas, lembre-se: nem tudo que encanta deve ser colhido. Mas tudo pode — e deve — ser contemplado.

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